A falta de confiança de como os dados pessoais são coletados e compartilhados é uma barreira à adoção ampla de aplicativos móveis em toda a América Latina, revela pesquisa da GSMA
Da Redação UOL
A falta de confiança de como os dados pessoais são coletados e compartilhados funciona como uma barreira à adoção ampla de aplicativos móveis na América Latina, um mercado estimado em 29 bilhões de dólares (cerca de 58 bilhões de reais) e que cresce a uma taxa de 36% ao ano, segundo a GSMA.
Dados divulgados hoje, sobre uma pesquisa que explora o impacto das preocupações relativas à privacidade na adoção de aplicativos e serviços em dispositivos móveis na América Latina, revelam que os consumidores querem a disponibilidade de mais garantias a sua privacidade e acreditam que as operadoras de telefonia móvel sejam as guardiãs naturais de seus direitos com relação à privacidade móvel.
O estudo, feito com 4.500 usuários de redes móveis no Brasil, Colômbia e México, foi conduzida pela Futuresight Ltd., sob encomenda da GSMA. Ela complementa estudos prévios na Espanha, Reino Unido e Cingapura e é um trabalho permanente da GSMA para ajudar a estabelecer, para o setor de mobilidade, diretrizes e abordagens que respondam às preocupações dos clientes com relação à privacidade e estimulem a confiança dos usuários de dispositivos móveis.
O objetivo é ajudar a definir o escopo da política de apoio ao desenvolvimento de experiências de privacidade consistentes e eficazes, que orientam os usuários a se familiarizar com formas de administrar sua privacidade a partir de dispositivos móveis.
De um modo geral:
-> 88% dos usuários preocupam-se que os aplicativos possam coletar informações pessoais sem o seu consentimento;
-> Metade dos que tem essa preocupação irá limitar o uso desses aplicativos, a não ser que melhores garantias sejam oferecidas;
-> 60% dos que responderam à pesquisa recorrerão a sua operadora caso sofram uma séria invasão de privacidade no uso de um aplicativo, independente de quem seja a responsabilidade, ao passo que apenas 31% recorrerão à loja que vendeu o aplicativo e 34% irão diretamente ao seu desenvolvedor.
A não ser que seja tomada alguma ação para proteger a privacidade do consumidor, a América Latina corre o risco de ficar atrás de outras partes do mundo na adoção de novos serviços de mobilidade. As operadoras de telefonia móvel reconhecem a necessidade de trabalhar junto a governos e ao setor móvel como um todo para enfrentar essas questões. Elas estão pedindo aos legisladores que aumentem seu nível de envolvimento com o setor móvel, na medida em que novas leis de proteção ao consumidor são elaboradas.
"Não é uma situação em que os legisladores possam, simplesmente, cortar e colar regras antigas de proteção de dados para o novo mercado de aplicativos móveis", diz Tom Phillips, Diretor de Assuntos Governamentais e Regulatórios da GSMA. "Eles precisam considerar soluções que reflitam as novas realidades do mercado, tais como os ícones de privacidade que estão sendo, atualmente, desenvolvidos nos Estados Unidos[2], garantindo aos clientes maneiras simples de entender suas opções de privacidade e controlar seus dados".
A não ser que esses serviços sejam fornecidos diretamente pelas operadoras de telefonia móvel, essas preocupações podem ser reais, já que dependem da aplicação de diversas leis e regulamentos. As operadoras têm firmes restrições quanto ao uso de informações de localização, enquanto os serviços oferecidos por empresas de internet não possuem tais restrições.
"As regras que dizem respeito à privacidade da localização precisam ser aplicadas igualmente às diferentes empresas que oferecem tais serviços. Hoje, essa falta de consistência coloca em risco os dados dos consumidores", continua Phillips. "Em mercados de toda a América Latina, novas regras sobre a privacidade estão sendo desenvolvidas. A GSMA pede aos governos que garantam que todas as novas leis sejam igualmente aplicadas a todas as empresas envolvidas", completa.
A amostra foi amplamente representativa em termos demográficos (idade, sexo, classe social e região), embora alguns grupos de idosos tenham sido ligeiramente sub representados, como é comum em pesquisas online. De forma semelhante, a amostra foi também representativa em termos de marcas de fabricantes de celulares, modelos de pagamento e operadoras móveis. Em termos de uso, no entanto, a amostra foi limitada a usuários de serviços mais sofisticados: 70% eram usuários de internet móvel e de apps, dos quais 40% eram usuários muito frequentes.
Os destaques?
- 86% dos usuários de internet móvel no país estão preocupados com o compartilhamento de suas informações pessoais;
- a maioria (88%) dos usuários de internet móvel no Brasil é cautelosa em relação a quem irá compartilhar suas informações pessoais e 81% são muitos seletivos em relação a quem fornecer suas informações;
- os Usuários móveis querem escolher e controlar o tipo de publicidade e a frequência com que a recebem em seus dispositivos: 78% dos brasileiros querem configurar suas próprias preferências com relação ao tipo e ao tempo dos anúncios publicitários que recebem;
- apenas metade dos usuários (52%) acredita que as empresas protegem suas informações;
- 83% querem que terceiros peçam permissão antes de usar dados pessoais;
- a maioria dos usuários acredita que as empresas continuariam coletando informações pessoais contra sua vontade e 34% acreditam que as empresas parariam de coletar dados pessoais se eles decidissem parar de compartilhá-los;
- metade (51%) dos usuários móveis de internet "concordam" com termos de privacidade sem lê- los … pois são "muito longos";
- dois em cada três usuários de apps móveis verificam que tipo de informação o app pede antes de instalá-lo;
- usuários de apps móveis com preocupações sobre privacidade provavelmente vão limitar seu uso até se sentirem seguros. 88% dos usuários pesquisados preocupam-se que esses aplicativos possam coletar informações pessoais sem o seu consentimento e metade (49%) dos que tem essa preocupação disseram que pretendem limitar o uso desses aplicativos, a não ser que melhores garantias sejam oferecidas;
- o usuário acaba responsabilizando o operador móvel caso sua privacidade seja invadida (independente de quem foi responsável). 58% recorrerão a sua operadora caso sofram uma séria invasão de privacidade no uso de um aplicativo; 29% recorrerão à loja que vendeu o aplicativo e 34% o desenvolvedor;
- a maioria dos usuários de promoções baseadas em localização as considera valiosas;
- mas eles querem poder ligá-las e desligá-las;
- 55% acreditam que um conjunto consistente de regras deve ser aplicado a qualquer empresa que tenha acesso à sua informação de localização geográfica;
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